quinta-feira, 4 de abril de 2013

Richard Ramírez


The Night Stalker

Em 1985, Ramírez entrou num frenesi de atos de violência sexual e assassinato, invadindo casas à noite.

Filho caçula, Ricardo Leyva Muñoz Ramírez era filho de imigrantes mexicanos. Seu pai por muitas vezes batia nos filhos, Ramírez temia o pai e muitas vezes preferia ficar fora de casa. Sua mãe era católica e tentava educar os filhos nesse caminho. Na época em que a mãe de Ramírez o colocou no catecismo, após as aulas de catequese, ele pesquisava sobre o diabo e desenhava pentagramas no corpo.

Ramírez se tornou cada vez mais solitário, e aquele garoto que era muito bom na escola, passou a preferir ficar em fliperamas que frequentar as aulas. Além disso, iniciou cedo o uso de maconha e execução de furtos, sendo apanhado algumas vezes.


Em sua adolescência, Ramírez passava o tempo com seu tio/primo “Mike”, que havia servido no Vietnã e adorava lhe contar os crimes cometidos durante a guerra, particularmente sobre as mulheres que havia estuprado. Mike também ensinou Ramírez a caçar.

Mike também mostrou fotos da guerra a Ramírez, dos inimigos que torturou, das pessoas que matou e das mulheres que estuprou, incluindo aquelas onde primeiro aparecia ele estuprando uma garota vietnamita e depois outra com a cabeça dela decapitada. Ele dizia que aquilo fazia dele como se fosse Deus.

Ramírez presenciou Mike assassinar a própria esposa com um tiro no rosto após uma discussão sobre a necessidade de Mike arrumar um emprego. Ramírez afirma ter provado do sangue da mulher e sentiu uma conexão quase mística com o crime. Mike teria se matado algum tempo depois desse episódio.

Isso teve uma influência fundamental na vida de Ramírez, que desistiu de uma vez da escola e passou a se dedicar ao consumo excessivo de maconha, a ouvir heavy metal, principalmente bandas que fazem referências ao inferno e ao demônio, costuma sempre vestir preto e se envolver em pequenos crimes. Passou a só se alimentar de junk food e refrigerantes e deixou que os dentes apodrecessem a tal ponto que seu hálito se tornou insuportavelmente desagradável.

Com o passar do tempo Ramírez deixou o Texas e foi viver em Los Angeles. Lá passou de maconha para cocaína, começou a roubava carros para sobreviver e a ouvir obsessivamente a música “The Night Prowler”, que fala sobre um invasor noturno, da sua banda preferida AC/DC, a qual ele usava uma camiseta quando foi preso e deixou para trás um boné em uma das cenas de seu crime.

Cumpriu duas sentenças curtas por roubo de carro e, após cumprir a segunda sentença, cometeu seu primeiro assassinato.

A vítima foi uma mulher de 79 anos. Ela dormia em seu apartamento no subúrbio de Los Angeles quanto Ramírez interrompeu. Ele a estuprou, a esfaqueou até a morte e roubou suas joias.

Depois de nove meses, Ramírez atacou uma jovem quando ela entrava em seu apartamento. Ele estava armado e atirou na jovem, mas a bala foi desviada pelas chaves da vítima e essa só foi derrubada. Ela então se fez de morta enquanto ele chutava seu corpo de bruços.

Não satisfeito, Ramírez entrou no apartamento e encontrou a colega de quarto da jovem, matando-a com um tiro.

Na mesma noite, Ramírez encontrou outra vítima, que foi arrancada de seu carro e levou diversos tiros. Essa morreu no hospital no dia seguinte.

Três dias depois, Ramírez atacou e abusou sexualmente de uma garota de oito anos, deixando ela viva.

Uma semana depois ele atacou um casal. Matou ambos e removeu os olhos da mulher como um troféu. Esse assassinato despertou em Ramírez uma preferência por atacar casais.

Seis semanas depois, Ramírez atacou outro casal. Atirou na cabeça de um senhor de 65 anos e então espancou e estuprou sua esposa. O senhor teve força de ligar para a emergência antes de morrer, o que salvou a vida de sua esposa.

Duas semanas depois, Ramírez estuprou uma mulher de 42 anos depois de amordaçar seu filho de 11 anos e trancá-lo no armário da cozinha. Ambos sobreviveram e a mulher deu a polícia uma descrição detalhada do agressor.

No dia seguinte ele atacou duas irmãs de cerca de 80 anos. Ele bateu nelas com um martelo, desenhou um pentagrama no corpo de uma delas e em todo o apartamento. Foram encontradas no dia seguinte, uma havia sobrevivido aos ferimentos, porém a outra estava morta.

Três semanas depois ele atacou uma mulher de 29 anos, cortando-lhe a garganta.

Dez dias depois foram feitos outros quatro ataques: duas vítimas mais velhas morreram, as outras duas jovens sobreviveram.

O alvoroço final: Em uma única noite, Ramírez matou três vezes e deixou outras duas vítimas traumatizadas. As duas primeiras vítimas era um casal com cerca de 60 anos, ambos mortos com tiros. 

Na mesma noite ele arrombou uma casa, matou um homem antes de estuprar e espancar sua esposa, depois a amarrou e estuprou seu filho de oito anos.

Algum tempo depois, Ramírez atirou em um casal, sem matá-los. Dois dias depois atacou outro casal, matando o marido e estuprando a esposa.

Uma força-tarefa foi estabelecida e a imprensa divulgou a ameaça à comunidade. A reação imediata de Ramírez foi deixar a cidade, indo para São Francisco, onde atacou suas próximas vítimas.

Ramírez atacou outro casal, novamente matando o homem e estuprando a mulher, deixando símbolos satânicos no local e escrito, com batom “Jack The Knife”, expressão encontrada na música “The Ripper”, da banda Judas Priest.

Voltou para Los Angeles e então atacou pela ultima vez.

Ramírez atacou um homem de 29 anos que sobreviveu aos tiros e sua parceira, que havia sido espancada e obrigada a repetir “Eu amo Satanás”, estava viva e reconheceu o carro que o agressor dirigia, uma perua Toyota. Outro morador local também havia visto o carro e anotou a placa.

A polícia encontrou o carro abandonado, porém o dono não voltou a procurá-lo. Impressões digitais foram encontradas no carro e combinada com o banco de dados de impressões digitais de Sacramento, identificando Ricardo “Richard” Ramírez, que batia perfeitamente com as descrições dos sobreviventes de ataques semelhantes: um homem hispânico, alto, cabelo um pouco grande, vestido de preto, dentes estragados.

No dia seguinte a foto de Ramírez estava em todos os jornais de Los Angeles, e ele apenas descobriu isso quando entrou em uma farmácia e percebeu que todos estavam o encarando. Ele saiu da loja, tentou roubar um carro, mas foi imediatamente detido pelos moradores, que estavam furiosos.

Ramírez saiu correndo dos moradores e tentou roubar outro carro, sem sucesso. Ramírez para de correr, mostra a língua para seus “perseguidores” e continua correndo. No quarteirão seguinte, Ramírez é detido e a polícia chega a tempo de evitar que ele fosse linchado.

Muitos advogados públicos recusaram o caso e Ramírez confessaria os crimes, mas não o fez por instruções de sua defesa, dois advogados contratados por sua família. Assim que tem a oportunidade de falar, Ramírez levanta a mão em audiência e solta um alto e sonoro “Hail, Satã!”.


Os advogados de Ramírez fizeram tudo o que puderam para adiar o julgamento o máximo de tempo possível. Em Julho de 88, apesar dos apelos dos advogados, o julgamento finalmente teve início. A previsão era de que o julgamento pudesse durar mais de um ano.

Para achar 12 jurados aptos a isto, centenas de pessoas tiveram que ser entrevistadas, o que levou um bom tempo. Enquanto isto, Richard Ramirez passou a usar óculos escuros e seu cabelo estava maior.


Durante o interrogatório, Ramírez adotou uma postura agressiva, exibindo aos fotógrafos um pentagrama desenhado em sua mão esquerda. Ainda disse a corte: “Vocês, vermes, me irritam. Eu estou além do bem e do mal”.


Ramírez se tornou foco de seguidores de um culto. Muitas garotas apareciam todos os dias no tribunal e brigavam entre si por seus favores.  Sempre iam aos julgamentos, vestidas de preto, somente para vê-lo. Mulheres de toda a parte do país lhe enviavam cartas, jurando amor incondicional. Nessa época, uma das fãs de Richard Ramírez foi assassinada pelo namorado, que se suicidou em seguida. 

Chegado o dia de anunciar a decisão do júri, Ramirez saiu de sua cela, fez o tradicional gesto com os dedos indicador e mínimo (horns up) e disse: “Mal! Morrer não me assusta, estarei no inferno com Satã!”.


Richard Ramirez disse à corte: “Vocês não me entendem. E não espero que entendam. Vocês não são capazes disto. Estou além das experiências de vocês. Estou além do bem e do mal. Legiões da noite, espécies da noite, não repitam os erros do invasor da noite e não tenham misericórdia. Eu serei vingado. Lúcifer esteja com vocês.”.

Ramírez foi julgado e condenado, em 1989, após um julgamento de quatro anos, à morte por 13 assassinatos, 5 tentativas de assassinato e 11 estupros e abuso sexuais. Quando ouviu o veredito, disse: “Grande coisa. A morte sempre veio com o território.” E voltando-se aos repórteres, disse: “Vejo vocês na Disneylândia”.

Ao chegar na prisão de San Quentin, perguntou onde estavam as mulheres. Ao avistar uma, fez um sinal com a mão em comprimento. Ela o chamou de “Assassino!” e então ele sorriu. 

Dorren Lioy, editora e jornalista de uma revista, fã e seguidora de Ramírez, conseguiu se casar com ele em Outubro de 1996, após trocarem várias cartas e ele decidir pedi-la em casamento. Ela considera Ramírez é uma pessoa maravilhosa e encantadora e afirma que irá se suicidar quando Ramírez for executado. O casamento foi realizado na Penitenciária de San Quentin, onde Ramírez permanece no corredor da morte.


Em 2006, a Suprema Corte da Califórnia manteve sua condenação. Um ano depois, a Suprema Corte federal recusou-se a revisar sua sentença. Em 2009, a polícia de San Francisco disse que um teste de DNA comprometeu Ramírez na morte de Mei Leung, uma menina de 9 anos, ocorrida em 10 de abril de 1984.

Richard Ramirez concedeu mais de 100 horas de entrevista a Philip Carlo, dando origem ao livro “The Night Stalker”, biografia de Ramírez. Em uma de suas entrevistas, Ramírez afirma: “Nós todos temos em nossas mãos o poder para matar, mas a maioria das pessoas tem medo de usá-lo. Os que não têm, controlam a vida.”.


Em 2011 começou a ser produzido um filme sobre Richard Ramirez, intitulado “The Night Stalker”. O filme será baseado no livro de Philip Carlo e será dirigido pelo ator James Franco, que também interpretará Ramírez.

O roteiro é de Nicolas Constantine, que produz o filme ao lado do vocalista do Soundgarden, Chris Cornell. "Phil Carlo pintou um sensacional retrato de Richard Ramirez, o ser humano, e foi isso que nos chamou a atenção. Não é um filme de horror, nem glorifica Ramirez", disse Constantine ao jornal NY Post.

ATUALIZAÇÃO de 16.06.2013

R.I.P. (ou não) Night Stalker

Richard Ramírez morreu na manhã do dia 07/06/2013, aos 53 anos, na cadeia na Califórnia, enquanto aguardava execução na fila do corredor da morte, que está parada há anos. Segundo as autoridades, Ramírez morreu de causas naturais. Porém não deram detalhes sobre a morte.

"A morte de Richard Ramirez hoje na prisão fecha um capítulo negro na história de Los Angeles. Não podemos nos esquecer das vítimas que sofreram nas mãos dele e nem das famílias destas vítimas que ainda sofrem com a perda de seus entes queridos." - Charlie Beck, chefe de polícia de Los Angeles

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